Foi no dia 12 de junho de 1931, quando os tenentes do Exército Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley, a bordo do monomotor biplano Curtiss Fledgling, matrícula K 263, que o serviço do Correio Aéreo Militar (CAM), hoje Correio Aéreo Nacional, entrou em operação. Com eles uma mala postal com duas cartas.
Seguindo a rota direta que ultrapassava as montanhas do litoral, o voo inaugural entre o Rio de Janeiro e São Paulo durou cinco horas e vinte minutos. O retorno, no dia 15 de junho, demorou apenas três horas e meia, seguindo a rota do vale do rio Paraíba até à altura da cidade de Resende e daí infletindo para o Rio de Janeiro. Daí por diante, essa se tornaria a rota oficial entre as duas cidades, três vezes por semana, até à entrada em operação, posteriormente, de aviões bimotores.
Pouco antes e durante a Revolução Constitucionalista de 1932 as atividades do CAM se intensificaram, e foram implantadas as linhas até Goiás, Mato Grosso, Paraná e Bahia. Em 1935, as linhas do serviço alcançavam a Amazônia. No ano seguinte (1936), em janeiro, foi inaugurada a primeira linha internacional, entre as cidades do Rio de Janeiro e Assunção, no Paraguai.
Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, foram unidos o Correio Aéreo Militar (mantido pelo Exército Brasileiro) e o Correio Aéreo Naval (mantido pela Marinha do Brasil), constituindo-se o Correio Aéreo Nacional (CAN).
O grande impulso do CAN registrou-se após o término da Segunda Guerra Mundial, com a entrada em serviço das aeronaves bimotores monoplano C-45 Beechcraft e Douglas C-47, com maior capacidade de carga e autonomia de voo.
Hoje o Correio Aéreo Nacional é um serviço postal militar brasileiro e tem por objetivo integrar as diversas regiões do país e permitir a ação governamental em comunidades de difícil acesso, possuindo relevante papel social. Atua também como instrumento de integração entre os países da América do Sul.
Em 2011, em celebração aos 80 anos do CAN, o programa FAB na História lançou dois vídeos comemorativos. Vale assistir!
Parte 1
Parte 2
Sobre o Curtiss Fledgling
O CURTISS FLEDGLING J-2 é um avião para dois tripulantes, destinado ao treinamento de pilotos. No Brasil foi utilizado na Escola de Aviação Militar, que funcionava no Campo dos Afonsos, e pelo Correio Aéreo Militar, de 1931 a 1941.
O exemplar em exposição no MUSAL representa o CURTISS FLEDGLING J-2 (número de matrícula K-263). Originalmente, este é um avião civil CURTISS FLEDGLING fabricado em 1929 e equipado com um motor Curtiss Challenger R-600, de 185 HP e 6 cilindros radiais.
Imagens: Museu Aeroespacial – MUSAL